Em poder de um empresário local, que tem como prioridade destruir o antigo cinema para a criação de um estacionamento automotivo, o Excelsior é hoje alvo de disputa entre populares e movimentos organizados, representado pelo grupo Salvem o Cine Excelsior, que exigem que o COMPPAC (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural) tome a decisão de tombar o cinema, ratificando assim sua preservação para a população, e a prefeitura municipal
Vereador Flávio Cheker |
O vereador petista Flávio Cheker, que viu o cinema ser fechado ao final de 1994, período o qual, coincidentemente, iniciava sua carreira no legislativo com seu primeiro mandato, conta que ao ser acionado pelos moradores do condomínio onde está instalado o cinema, preocupados com o fechamento do cinema e com a deterioração do espaço, resolveu de imediato convocar o poder legislativo para uma audiência pública, dando início a uma série de expedientes em prol da manutenção do espaço
Jornalista Jorge Sanglard |
Já o jornalista e produtor cultural, Jorge Sanglard, que foi quem denunciou pela primeira vez a situação do cinema através de matérias veiculadas na imprensa local, lembra que à época o cinema chegou até a ter aprovada a declaração de interesse cultural pelo município, representado pelo então prefeito Custódio Matos, mas o processo acabou sendo indeferido pelo Ministério Público Estadual por meio de ação impugnada pela Companhia Franco Brasileira, então proprietária do cinema
Sobre o episódio Flávio salienta que, apesar do então prefeito, também em seu primeiro mandato, Custódio Matos ter assinado a Declaração, o documento foi enfraquecido por uma série de erros cometidos em sua condução por parte da prefeitura, o que levou o Ministério Público a dar parecer favorável aos proprietários. Cheker afirma que aquela foi a primeira chance perdida pela cidade para manter o Cine Excelsior como um bem a favor da cultura local
Alessandro Driê, integrante do Salvem o Cine Excelsior |
Em novembro de 2011 mais um capítulo dessa disputa foi iniciado. Após a divulgação de fotos em que as cadeiras do cinema estavam sendo retiradas e jogadas em cima de um caminhão, o arquiteto e cineasta Alessandro Driê tratou de divulgar o fato através das redes sociais, que rapidamente formou um coro de indignados e defensores da causa. Foi daí que surgiu o movimento Salvem o Cine Excelsior, mobilização de artistas, produtores culturais, estudantes, moradores da cidade e demais pessoas interessadas na preservação do espaço do antigo cinema
Para o professor e escritor Fernando Fábio Fiorese, Juiz de Fora reflete, no ambiente municipal, o que acontece no cenário nacional. A perda dos espaços dedicados aos cinemas de rua para a especulação do mercado imobiliário. Fiorese critica ao declarar que “o Brasil é um país esquisito, onde as pessoas deram certo mas o governo deu errado”. Ele ainda cita a importância de se preservar o espaço que originou a iniciação, seja ela artística ou humanística, de uma geração formada por pessoas que ainda iam ao cinema para conhecer o mundo, as pessoas ao seu redor e a sociedade em que estavam inseridas
No dia 4 de junho de 2012 mais um pedido de tombamento foi indeferido pelo COMPPAC, que, de acordo com seu parecer, julga que o cinema não tem valor cultural e histórico para merecer a proteção do poder público.
Nenhum comentário:
Postar um comentário